quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CONSUMISMO 

O consumismo define a relação de quebra entre a ação de comprar e a necessidade do que está sendo adquirido.

    

*Qual é a diferença entre Consumo e Consumismo?
No consumo, o ato de comprar está diretamente relacionado à necessidade ou à sobrevivência. Já quando se trata de consumismo, essa relação está rompida, ou seja, a pessoa não precisa daquilo que está adquirindo. O consumismo está vinculado ao gasto em produtos sem utilidade imediata, supérfluos. Esse hábito vem sendo discutido por muitos autores em suas origens e dimensões. Alguns estudiosos apontam a importância da publicidade na construção da obsessão pelo ato de comprar. Outros autores destacam a vinculação histórica da possibilidade de compra à vida boa, riqueza, saúde. Isso quer dizer que ao longo dos anos, pessoas que tinham maior poder de compra eram consideradas melhores que pessoas com menor poder de compra.

*Consumismo é doença?
Quando o ato de comprar está vinculado diretamente à ansiedade e à satisfação, podemos dizer que se trata de uma compulsão. Em alguns casos, isso pode representar grandes perdas em termos de relacionamento interpessoal e qualidade de vida. Para que seja considerado doentio, o consumismo precisa representar uma parcela significativa da vida e dos pensamentos da pessoa, de forma que sua saúde emocional, psicológica ou mesmo social e financeira estejam abaladas. Nesses casos, a cisão entre necessidade e motivação da compra é completa, ou seja, a pessoa definitivamente não precisa e, muitas vezes, nem se dá conta do que está comprando.

*Quais são as origens dessa tendência consumista?
A origem da tendência de compulsão pelo ato de comprar tem suas origens na história da humanidade. Após os eventos da Revolução Industrial, os processos de produção e circulação de bens foram agilizados. Com o avanço da produção, houve um grande distanciamento das pessoas e do conhecimento em relação aos meios de produção. Para entender como isso se deu, basta pensar o quanto você conhece, por exemplo, dos processos de produção das coisas que você compra. Você sabe como são fabricados os produtos de higiene, alimentação, itens de decoração e outros? Conhece as formas de distribuição, importação e exportação? É justamente esse desconhecimento que historicamente foi denominado alienação. A alienação é a principal dimensão do consumismo, está na base da compra desvinculada da necessidade e do desconhecimento em relação ao valor de compra e de uso.
Ainda discutindo a história da tendência consumista, podemos destacar a vinculação da possibilidade de comprar ao poder, já que, por muitos anos, o consumo era privilégio de classes mais ricas. Com o desenvolvimento econômico, da produção e da publicidade, as distâncias foram sendo diminuídas. O que se pode perceber na atualidade é um nivelamento de desejos: crianças pobres e ricas querem os mesmos brinquedos, adultos de classes sociais distintas têm as mesmas vontades, reforçadas pelos modelos e padrões de vida apresentados pela mídia, como os gostos e hábitos de celebridades.
A criação e valorização social de padrões de comportamento é outra dimensão importante do consumismo. Para atingir o padrão de sucesso e boa vida, inúmeras pessoas investem seus esforços para adquirir bens que não necessitam.

*Como saber mais?
As questões acerca do consumismo são bastante amplas e merecem discussões mais significativas. Todavia, alguns filmes podem ser bastante ilustrativos para compreender as diferentes dimensões dessa prática alienada. Entre eles, “Amor por contrato” (The Joneses), de Derrick Borte, que conta a história de uma família criada para impressionar e vender um estilo de vida. Já o documentário “Criança, a alma do negócio”, dirigido por Estela Renner, é um exemplo interessante para discutir a questão do consumismo, com atenção especial aos efeitos deste na infância e adolescência.


Um bate-papo sobre infância, brincadeiras e consumismo

Interação, movimentação e imaginação: o que nossas crianças estão deixando de vivenciar enquanto ficam horas em frente às telas de tablets e celulares? O que os brinquedos e as brincadeiras de ontem ensinam às crianças de hoje? O entrevistado é Luiz Fernando Vieira Trópia, sociólogo, produtor cultural e membro efetivo da Comissão Mineira de Folclore. Um grande incentivador do resgate de uma infância que constrói seus próprios brinquedos e brinca nas ruas e nas praças das cidades.

Como você vê a questão do consumismo infantil na nossa sociedade atual?
O consumismo é uma ocorrência desastrosa para a sociedade humana. Faz parte de uma cadeia que vem desde a industrialização, do imperialismo cultural, passando pelo nossa adoção do modelo de vida americano em detrimento do europeu, do recrudescimento da sociedade globalizada e da massificação promovida pelos meios de comunicação, principalmente pela televisão, nas mãos de grupos poderosos e com parceiros nos grandes trustes internacionais. Resultou na cultura do modismo, do consumo desenfreado, do descartável… Até descobrirem que as crianças seriam o alvo perfeito ou as principais vítimas do consumismo. Os programas infantis, apresentados por famosidades pouco interessados na cultura popular e com as brincadeiras folclóricas, como Xuxa, Gugu, Angélica, Eliana… passaram a impor modelos importados, desprezando a infantilidade, promovendo a adultização e erotização das crianças, seja na produção musical de gosto duvidoso, na promoção dos produtos ou brinquedos fabricados por grandes empresas, ou no próprio modelo de vestuário, tipo adulto e sensual. Ao colocarem isso nos seus programas, criaram uma chantagem com os pais na aquisição desses produtos e hábitos para seus filhos.
Se esses programas infantis de TV estivessem nas mãos de músicos e educadores mais comprometidos com a nossa cultura (como Rubinho do Vale, Doroty Marques, Bia Bedran, Victor Batista, Grupos Serelepe, Pandalelê, do Brasil, ou Diego Marioni, Cecília Raspo, do Grupo La Carreta, Coqui Dutto, Ely Burba, da Argentina), esse consumismo junto ao público infantil não tinha prosperado e teríamos a preservação e o desenvolvimento dos hábitos da cultura popular e suas manifestações sobre a forma musical, de brinquedos e brincadeiras saudáveis, criativos e educativos.

Como eram as brincadeiras e os brinquedos de antigamente? O que mudou?
Os brinquedos tradicionais e folclóricos são (e não eram, porque não se extinguiram, como costumo defender) intimamente ligados à cultura de cada grupo social, sua história, função, recursos, espaço e necessidades peculiares, ao mesmo tempo que são universais, pois ocorrerem em várias partes do mundo, com suas variantes e peculiaridades, é claro! Geralmente, esses brinquedos e brincadeiras são feitos com matérias-primas comuns no meio do grupo, com o simples aproveitamento de sucatas, sobras caseiras, ou objetos encontrados nos mesmos locais de realização, como nas ruas, calçadas, passeios do meio urbano ou nos terreiros dos vilarejos e do meio rural. Têm uma dinâmica e participação ativa das crianças, ao contrário da passiva apenas, como nos brinquedos industrializados.
Não vejo só a questão da falta do espaço na cidade, da insegurança das ruas, trânsito e assaltos como os únicos motivos pelo sumiço das brincadeiras folclóricas. Acho que isso é uma desculpa para quem se entregou aos apelos e chantagens da mídia na aquisição dos brinquedos industriais e eletrônicos, por comodismo em não repassar aos seus filhos a riqueza vivida antes. A própria instalação da TV nos hábitos domésticos foi acomodando os pais que, em seguida, passaram a ser reféns dos patrocinadores desse mesmo meio de comunicação. Se as crianças e seus pais continuassem a ocupar os espaços disponíveis, a se apropriarem das praças, locais de lazer dos prédios e quintais das casas, não haveria tanto medo e insegurança, pois o poder público teria que manter tais condições.

O resgate dos brinquedos e brincadeiras de antigamente pode nos ajudar a combater o consumismo infantil? De que forma?
Não há dúvida de que se os pais, escolas e instituições voltadas para o lazer, resolvessem resgatar as brincadeiras tradicionais, o consumismo seria atingido em cheio. A própria construção dos brinquedos pelas próprias crianças já é um fundamento dessas brincadeiras e é também uma forma de lazer criativo e saudável. Temos que acreditar nisso!

Na sua opinião, como podemos incentivar as crianças a brincar, interagir e a ter um desenvolvimento pleno com atenção especial aos valores e ao respeito com os outros e com o planeta?
A retomada dos hábitos e valores da Cultura Popular por pais e escolas, com a utilização de matérias-primas do meio e recicláveis nos brinquedos e brincadeiras, já constitui uma forma implacável de protegermos o planeta, combatendo o consumismo.
A Cultura Popular preserva valores de sociabilidade, interação, comunicação e colaboração, dentre outros, que podem fortalecer os nossos laços humanos e sociais. No caso da lúdica folclórica, esses valores estão presentes desde os acalantos, cantigas de berço, passando pelas adivinhas, parlendas, cantigas de roda, brinquedos e nas dinâmicas das brincadeiras.

Identidade cultural, globalização e consumismo. Na sua opinião, como tais elementos se misturam nos dias de hoje?
Ao resgatarmos os traços da nossa cultura autóctone, estamos recuperando a identidade cultural, mesmo dentro do processo de globalização, que não é de todo ruim. A globalização é uma realidade irrefutável, mas pode ser vista pelo seu lado positivo também, na troca de experiências e de hábitos culturais entre os povos, desde que acolhidos espontaneamente e não impostos, massificados, ou só de uma nacionalidade, como faz a mídia atual. Agindo assim, combateremos o consumismo, que só serve para enriquecer ainda mais os grandes trustes e aumentar as desigualdades sociais.
Há uma frase de um canto do urso Balu do desenho animado “Mogli – O Menino Lobo”, que foi inspirada na filosofia de Epicuro, que diz assim: “Somente o necessário. O extraordinário é demais. Por isso nesta vida eu vivo em Paz”. Se contentássemos apenas com o necessário, anularíamos a ambição, motivo de todo o sofrimento, das guerras e violências entre os humanos.
Essa é minha utopia, minha filosofia de vida. Para mim, utopia não é algo inatingível, mas sim a propulsora de um sonho possível e realizável.Tudo que se criou ou se fez neste mundo, a cultura em si, foi um dia um sonho de alguém. A volta do hábito dos brinquedos e das brincadeiras tradicionais é para mim uma utopia, um sonho real.
É nesse sentido que temos insistido com uma máxima de um radialista e produtor cultural cordobês-argentino, Julio Villarroel, ao afirmar que: “o acesso às artes e a defesa de uma identidade cultural, como a saúde, a educação, a vivência da Terra, da água e do ar puros, são necessidades básicas do ser humano. Convencidos disso, estamos sustentando utopias (sosteniendo utopías)”.


Entrevista publicada originalmente no Consciência e Consumo.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Conversinhas ^-^


                                             
 #Entrevista! #Consumismo! #Opinião!

"Vídeo sobre o Consumismo"

1º Capítulo:


                                                         
                                                                      2º Capítulo: (Continuação...)




Os videos abordam o consumismo na família e a reação dos pais!



Resultado de imagem para causas do consumismo

Resultado de imagem para charges sobre o consumismo

Resultado de imagem para charges sobre o consumismo

Resultado de imagem para charges sobre o consumismo

Resultado de imagem para charges sobre o consumismo

Resultado de imagem para charges sobre o consumismo
Resultado de imagem para charges sobre o consumismo

"Tipos de Consumidores"

Resultado de imagem para algo criativo sobre o consumismo

Consumidor individualista:

O consumidor individualista é aquele que está preocupado com seu estilo de vida pessoal. Nesse caso compra pelo desejo e prazer de ter o que quer.

Consumidor eficiente:

O consumidor consome de modo eficiente, cuidando do seu bolso e do seu gosto. Costuma pesquisar preços antes da compra e zela pela qualidade dos serviços e produtos que consome.

Consumidor consciente:

O consumidor acredita na possibilidade de contribuir para mudanças locais e planetárias por meio de seu ato de consumo.

Consumidor responsável:

O consumidor leva em consideração as informações recebidas sobre produtos e empresas. Sendo assim, não compra um produto se receber a informação dizendo, por exemplo, que ele ou empresa que o produz prejudicam o meio ambiente.