CONSUMISMO
O
consumismo define a relação de quebra entre a ação de comprar e a necessidade do
que está sendo adquirido.
*Qual é a diferença entre Consumo e
Consumismo?
No consumo, o ato de comprar está diretamente
relacionado à necessidade ou à sobrevivência. Já quando se trata de consumismo,
essa relação está rompida, ou seja, a pessoa não precisa daquilo que está
adquirindo. O consumismo está vinculado ao gasto em produtos sem utilidade
imediata, supérfluos. Esse hábito vem sendo discutido por muitos autores em suas
origens e dimensões. Alguns estudiosos apontam a importância da publicidade na
construção da obsessão pelo ato de comprar. Outros autores destacam a vinculação
histórica da possibilidade de compra à vida boa, riqueza, saúde. Isso quer dizer
que ao longo dos anos, pessoas que tinham maior poder de compra eram
consideradas melhores que pessoas com menor poder de compra.
*Consumismo é doença?
Quando o ato de comprar está vinculado
diretamente à ansiedade e à satisfação, podemos dizer que se trata de uma
compulsão. Em alguns casos, isso pode representar grandes perdas em termos de
relacionamento interpessoal e qualidade de vida. Para que seja considerado
doentio, o consumismo precisa representar uma parcela significativa da vida e
dos pensamentos da pessoa, de forma que sua saúde emocional, psicológica ou
mesmo social e financeira estejam abaladas. Nesses casos, a cisão entre
necessidade e motivação da compra é completa, ou seja, a pessoa definitivamente
não precisa e, muitas vezes, nem se dá conta do que está comprando.
*Quais são as origens dessa tendência
consumista?
A origem da tendência de compulsão pelo ato de
comprar tem suas origens na história da humanidade. Após os eventos da Revolução
Industrial, os processos de produção e circulação de bens foram agilizados. Com
o avanço da produção, houve um grande distanciamento das pessoas e do
conhecimento em relação aos meios de produção. Para entender como isso se deu,
basta pensar o quanto você conhece, por exemplo, dos processos de produção das
coisas que você compra. Você sabe como são fabricados os produtos de higiene,
alimentação, itens de decoração e outros? Conhece as formas de distribuição,
importação e exportação? É justamente esse desconhecimento que historicamente
foi denominado alienação. A alienação é a principal dimensão do consumismo, está
na base da compra desvinculada da necessidade e do desconhecimento em relação ao
valor de compra e de uso.
Ainda discutindo a história da tendência
consumista, podemos destacar a vinculação da possibilidade de comprar ao poder,
já que, por muitos anos, o consumo era privilégio de classes mais ricas. Com o
desenvolvimento econômico, da produção e da publicidade, as distâncias foram
sendo diminuídas. O que se pode perceber na atualidade é um nivelamento de
desejos: crianças pobres e ricas querem os mesmos brinquedos, adultos de classes
sociais distintas têm as mesmas vontades, reforçadas pelos modelos e padrões de
vida apresentados pela mídia, como os gostos e hábitos de celebridades.
A criação e valorização social de padrões de
comportamento é outra dimensão importante do consumismo. Para atingir o padrão
de sucesso e boa vida, inúmeras pessoas investem seus esforços para adquirir
bens que não necessitam.
*Como saber mais?
As questões acerca do consumismo são bastante
amplas e merecem discussões mais significativas. Todavia, alguns filmes podem
ser bastante ilustrativos para compreender as diferentes dimensões dessa prática
alienada. Entre eles, “Amor por contrato” (The Joneses), de Derrick Borte, que
conta a história de uma família criada para impressionar e vender um estilo de
vida. Já o documentário “Criança, a alma do negócio”, dirigido por Estela
Renner, é um exemplo interessante para discutir a questão do consumismo, com
atenção especial aos efeitos deste na infância e adolescência.